- A que sai do cano é; a que já está no tanque, não. Mas vocês gostam de andar? O tom em que a senhora - que parecia a mais nova e deve rondar os cinquenta e cinco anos - formulou a pergunta, excitou o meu intelecto; parecia um misto de brejeirice, provocação e brincadeira.
- Sim, gostamos de andar, retorqui. E com um orgulho incontido: Vamos fazer a Calçada de Alpajares.
- Pois olhe - respondeu a senhora, no mesmo tom - faziam bem melhor se nos ajudassem a cavar as nossas vinhas e os nossos olivais. E se calhar ainda se divertiam mais.
A resposta que no momento me ocorreu foi jurar-lhe que era só dizer onde eram essas terras, que imediatamente todos nós lá iríamos e revolveríamos tudo num instante.
Agradeci à senhora e começámos a marcha, que se revelou de uma beleza surpreendente. Até vimos uma águia recém-nascida no ninho, no alto de um penhasco.